22.5.07
Poemas - 18
Poems - 18
Soneto de Intimidade
Vinícius de Moraes
Nas tardes da fazenda há muito azul demais.
Eu saio às vezes, sigo pelo pasto, agora
Mastigando um capim, o peito nu de fora
No pijama irreal de há três anos atrás.
Desço o rio no vau dos pequenos canais
Para ir beber na fonte a água fria e sonora
E se encontro no mato o rubro de uma amora
Vou cuspindo-lhe o sangue em torno dos currais
Fico ali respirando o cheiro bom do estrume
Entre as vacas e os bois que me oham sem ciúme
E quando por acaso uma mijada ferve
Seguido de um olhar não sem malícia e verve
Nós todos, animais, sem comoção nenhuma
Mijamos em comum numa festa de espuma.
***
Not Ideas About the Thing But the Thing Itself Wallace Stevens
At the earliest ending of winter,
In March, a scrawny cry from outside
Seemed like a sound in his mind.
He knew that he heard it,
A bird's cry, at daylight or before,
In the early March wind.
The sun was rising at six,
No longer a battered panache above snow...
It would have been outside.
It was not from the vast ventriloquism
Of sleep's faded papier-mache...
The sun was coming from the outside.
That scrawny cry--It was
A chorister whose c preceded the choir.
It was part of the colossal sun,
Surrounded by its choral rings,
Still far away. It was like
A new knowledge of reality.