30.6.11

 

Honest Lullaby
Joan Baez






Early early in the game
I taught myself to sing and play
And use a little trickery
On kids who never favored me
Those were years of crinoline slips
And cotton skirts and swinging hips
And dangerously painted lips
And stars of stage and screen
Pedal pushers, ankle socks
Padded bras and campus jocks
Who hid their vernal equinox
In pairs of faded jeans
And slept at home resentfully
Coveting their dreams

I look around and I wonder
How the years and I survived
I had a mother who sang to me
An honest lullaby

Yellow, brown, and black and white
Our Father bless us all tonight
I bowed my head at the football games
And closed the prayer in Jesus' name
Lusting after football heroes
tough Pachuco, little Neroes
Forfeiting my A's for zeroes
Futures unforeseen
Spending all my energy
In keeping my virginity
And living in a fantasy
In love with Jimmy Dean
If you will be my king, Jimmy, Jimmy,
I will be your queen

I look around and I wonder
How the years and I survived
I had a mother who sang to me
An honest lullaby

I travelled all around the world
And knew more than the other girls
Of foreign languages and schools
Paris, Rome and Istanbul
But those things never worked for me
The town was much too small you see
And people have a way of being
Even smaller yet
But all the same though life is hard
And no one promised me a garden
Of roses, so I did okay
I took what I could get
And did the things that I might do
For those less fortunate

I look around and I wonder
How the years and I survived
I had a mother who sang to me
An honest lullaby

Now look at you, you must be growing
A quarter of an inch a day
You've already lived near half the years
You'll be when you go away
With your teddy bears and alligators
Enterprise communicators
All the tiny aviators head into the sky
And while the others play with you
I hope to find a way with you
And sometimes spend a day with you
I'll catch you as you fly
Or if I'm worth a mother's salt
I'll wave as you go by

And if you look around and you wonder
How the years and you'll survive
Honey, you've got a mother who sings to you
Dances on the strings for you
Opens her heart and brings to you
An honest lullaby

29.6.11

 

The Owl And The Pussycat
Edward Lear




28.6.11

 

Um email
Sergio Pinheiro Lopes



Querida Anônima,

Pensamentos são só pensamentos.
Pensamentos, frequentemente, são ao invés de.
Posso escrever um tratado sobre o gosto da marmelada que o leitor, ainda assim, não saberá qual o gosto da dita cuja.
Dá-se o mesmo com as filosofias, as religiões e quasi tudo o mais.
O que muda o cidadão é a ação. Pensamento sem ação não é nada.
É matéria morta.
Posso discorrer horas sobre o amor romântico e, no entanto, jamais ter vivido um.
Falar da marmelada e, ainda assim, não saber que gosto tem.
Como lidamos com coisas vivas e em constante movimento, qualquer solução pré-pensada, pré-aprendida, por definição não servirá. Trazer a solução pronta é fracasso na certa.
Tudo está em permanente movimento. E tenho que estar em movimento junto, atento, para que o meu agir esteja de acordo com o que se apresenta no instante em que se apresenta.
É a única maneira, a meu ver. Estar atento ao que acontece quando acontece, aí, se vazio de pensamentos e ações pré-pensadas, me comporto de acordo com o que a situação exige.
Frequentemente, ao conseguir isso (o que não é frequente, acredite), as coisas se abrem, se revelam e se resolvem de uma maneira que só posso descrever como mágica, ou milagrosa.
Mas é difícil. Aprendo a cada instante e, a cada instante, preciso aprender de novo.
Não se conclui esse curso nem é matéria que se pode dar por aprendida. Minha opinião, somente isso, mais nada.
Esse o problema da academia e da abordagem acadêmica, na minha modesta maneira de ver. E que só serve para mim, bem sei.
Meu pai morreu há dezoito anos. Se voltasse hoje, não reconheceria mais nada no mundo.
Com exceção das escolas, estas continuam as mesmas.
O estar atento está sendo a única maneira que encontrei para crescer espiritualmente.
Para ser uma pessoa mais digna.
Acho que não existem professores dessas coisas, só aprendizes.
Pela graça de De-s, tenho aprendido com tudo e com todos, a todo instante.
Sem aflição ou ansiedade e até com lampejos de humildade e paz aqui e ali.
Que está sendo bom viver assim, ah, isso eu garanto.
Não o faria se não fosse bom para mim, pois sou egoísta, quero o meu bem e descobri que não gosto de sofrer.

Beijos,

Sergio

 

Blue Moon
Elvis Presley
1954 - Sun Records




 

Molly Bloom's Soliloquy
James Joyce



"...I was a Flower of the mountain yes when I put the rose in my hair like the Andalusian girls used or shall I wear a red yes and how he kissed me under the Moorish wall and I thought well as well him as another and then I asked him with my eyes to ask again yes and then he asked me would I yes to say yes my mountain flower and first I put my arms around him yes and drew him down to me so he could feel my breasts all perfume yes and his heart was going like mad and yes I said yes I will Yes. "

 

Under the Harvest Moon
Carl Sandburg

Under the harvest moon,
When the soft silver
Drips shimmering
Over the garden nights,
Death, the gray mocker,
Comes and whispers to you
As a beautiful friend
Who remembers.

Under the summer roses
When the flagrant crimson
Lurks in the dusk
Of the wild red leaves,
Love, with little hands,
Comes and touches you
With a thousand memories,
And asks you
Beautiful, unanswerable questions.

27.6.11

 

Laerte




 

Walk Away
Matt Monro




22.6.11

 

Contigo En La Distancia
Caetano Veloso






No existe un momento del día
En que pueda olvidarme de ti
El mundo parece distinto
Cuando no estás junto a mi

No existe melodía
En que no surjas tu
Ni yo quiero escucharla
Si no la escuchas tu.

Es que te has convertido
En parte de mi alma
Ya nada me conforma
Si no estás tu tanbién.

Pero allá de tus labios
Del sol, de las estrellas
Contigo en la distancia
Amada mía, estoy.

Es que te has convertido
En parte de mi alma
Ya nada me consuela
Si no estás tu tanbién

Pero allá de tus labios
Del sol, de las estrellas
Contigo en la distancia
Amada mía, estoy

21.6.11

 

Uma Velha Senhora
Sergio Pinheiro Lopes



Essa velha senhora escreve livros de crônicas. Não são escritos para ser publicados. Na verdade, ela proibiu a todos que sequer pensassem em publicá-los. São muito pessoais, diz, e não passam de memórias de uma velha. Mas recupera os textos de seus velhos diários, escreve novos, salva e imprime estas reminiscências (tendo aprendido a lidar com computador aos oitenta anos), e eu posso ser considerado um dos poucos afortunados a ganhar cópias desses livros.
O passado é um peso crescente e acho que este é o seu modo de tornar este fardo menos pesado. Através de suas páginas, imagens esmaecidas voltam a viver, e o leitor é apresentado à galeria de seus tios e tias, primos e primas, parentes, amigos e conhecidos em passagens coloridas de sua longa e rica vida. Apresenta a mulher que era quando jovem, ingênua e cheia de esperanças e mostra seu marido com uma luz sob a qual ninguém mais poderia tê-lo visto. Ela captura instantâneos da vida diária com um olho que observa o que é essencialmente humano nas pessoas. Conta como, no curso de quase meio século, os degraus que levam à porta de entrada de sua velha casa foram gastos pelo ir e vir de tantas pessoas e fica-se sabendo de pequenos pedaços da vida daqueles que passaram por aqueles umbrais.
É um tipo peculiar essa velha senhora. Apesar dos muitos tempos difíceis e penosos que a vida lhe apresentou, nunca perdeu a alegria de viver e nunca deixou de agradecer a Deus pelas muitas bênçãos que viu em tudo que encontrou pelo caminho. Um sentido de direção permeia tudo que faz e escreve. É como se tudo que acontece tivesse o propósito de melhorar seu espírito e ela vê cada pequeno evento em sua jornada como sendo cheio de sentido, como uma oportunidade de aumentar seu conhecimento sobre as pessoas e as coisas.
Vê a vida como uma coisa sagrada.
Através de seus olhos fica-se sabendo não apenas as histórias de sua vida e da vida daqueles que a cercaram e é possível não somente imaginar como era a chuva caindo quando ainda era jovem e ver os rostos das pessoas quando as descreve, mas também ficamos sabendo como era a cidade e suas ruas, as coisas simples do passado, a escassez dos anos de guerra e as rápidas mudanças pelas quais o mundo passou depois disso. Vamos juntos em um passeio pelo tempo e é possível ver sob o presente, a pálida presença das camadas do passado tornando-se vívidas novamente.
É uma velha senhora cheia de histórias para contar.
Algumas de suas histórias são a respeito de eventos comuns e algumas transbordam de tristeza e de tragédia humana. Algumas são sobre momentos felizes e outras são simplesmente engraçadas. Todas são interessantes. Possui um modo todo pessoal de construir frases e pontos de vista inéditos a partir dos quais mostra as coisas. E, depois de ler seus textos, não dá para evitar o sentimento de gratidão pelo privilégio de estar vivo e poder partilhar de todas essas coisas.
Nos falamos ao telefone duas, talvez três vezes por semana. Nessas longas conversas me conta histórias que nunca se tornam crônicas de seus livros.
Esta velha senhora é minha mãe.
Mas isso é uma outra história...

16.6.11

 

Não Sendo, É
Sergio Caxig


                

O pensamento quer,

Deseja,

Programa e

Espera.

O pensamento é o

Ego em ação.

Qualquer pensamento.

O amor não pode existir

Enquanto pensamento,

No ego, do ego e para o ego.

O pensamento é condicional,

O amor é incondicional.

Ou é totalmente livre

De desejos, ou não é amor.

O amor só existe

Onde não existe o

Pensamento.

Na ausência

Exata do ego.

Como a natureza,

Como o cosmos,


Em permanente movimento.

Tudo o mais nesse assunto,

São ficções do pensamento, para si ou

Para os outros.


 

Ficções do Interlúdio - 395
Ricardo Reis



Quero dos deuses só que não me lembrem.
Serei livre - sem dita nem desdita,
Como o vento que é a vida
Do ar que não é nada.
O ódio e o amor iguais nos buscam; ambos
Cada um com seu modo, nos oprimem.
A quem deuses concedem
Nada, tem liberdade.

15.6.11

 

Amor então, também, acaba?
Paulo Leminsky

Amor, então,
também, acaba?
Não, que eu saiba.
O que eu sei
é que se transforma
numa matéria-prima
que a vida se encarrega
de transformar em raiva.
Ou em rima.

14.6.11

 

Ficções do Interlúdio - 489
Álvaro de Campos

Começo a conhecer-me. Não existo.
Sou o intervalo entre o que desejo ser e os outros me fizeram.
Ou metade desse intervalo, porque também há vida...
Sou isso, enfim...
Apague a luz, feche a porta e deixe de ter barulhos de chinelos
no corredor.
Fique eu no quarto só com o grande sossego de mim mesmo.
É um universo barato.

10.6.11

 

Two Sleepy People
Hoagy Carmichael
Frank Loesser
Fats Waller






Here we are, out of cigarettes,
Holding hands and yawning,
Look how late it gets.
Two sleepy people by dawn's early light,
And too much in love to say goodnight.

Here we are, in a cozy chair;
Pickin' on a wishbone from the frigidaire.
Two sleepy people with nothing to say,
And too much in love to break away.

Do you remember the nights we used to linger in the hall?
Your father didn't like me at all.
Do you remember the reason why we married in the fall?
To rent this little nest and get a bit of rest.

Well, here we are just about the same,
Foggy little fella, drowsy little dame.
Two sleepy people by dawn's early light,
And too much in love to say goodnight.

7.6.11

 

The Grand Rapids Lip Dub
American Pie
The Day the Music Died


Porque até sobre a morte pode se ter alegria.
Essa canção foi composta por Don McLean pelo dia em que morreram Buddy Holly, Ritchie Valens e J. P. "the Big Bopper" Richardson.


Em um único take.




 

Menina

Está triste, minha menina
E suspira agora
Pois foi uma luta solitária
Canta suas canções agora
Pra noite escura e vazia
E não há nada errado agora
Mas nada certo também
Há dias de ganhos e
Dias de perdas
Mas está triste, a menina

Está triste, essa minha menina
Mas tem que se arriscar
Se quiser uma resposta
Músicas para os dançarinos
Dentro dela
Mas tem que dançar sozinha
Embora eu saiba
E me importe

Está triste, essa menina
E suspira agora
Com o queixo apoiado nas mãos
E deveria estar voando agora
Mas tem medo de não saber
Onde pousar
E chora agora, a minha menina
Embora saiba que todos temos
Nosso quinhão de lágrimas
A porta está aberta ainda
Mas ainda o corredor deserto

Está triste, a menina
Muito triste,
Essa menina minha


 

Em um outro tempo & lugar
Dave van Ronk

Quando te conheci
anos atrás
em um outro tempo & lugar
me veio o pensamento:
nunca tinha visto rosto mais doce
ou risada com mais calor ou
sorriso mais gentil
e olhos tão cheios de luz
que eu teria sido um tolo
se não tivesse caido de amores
por você naquela noite

Andamos pelo mundo, meu bem
nosso destino era flanar
mas cada lugar que estive com você
esse lugar virou meu lar
E se agora vago sozinho
sem regaço para me aninhar
fico feliz pois me foi dado
aqueles flanares como seu par

Amores que florescem na noite
sofrem com o tempo
param e fluem
vão e vem
sem razão, alcance ou rima
com cada dia virando outro dia
e cada ano outro ano
Mas trocaria um ano no céu
por um dia com você, meu bem

As distâncias passam
por terras secas e áridas
onde o tempo é como um quarto escuro
e o espaço uma mão vazia
E o que dissemos e as nossas risadas
são ecos na vastidão
Nos encontraremos de novo, meu bem
quando as colinas se fizerem verdes
em algum outro tempo & lugar


(thanks Dave, and I'm sorry for the liberties, wherever you may be)

A canção:



 

Duração
Sergio Pinheiro Lopes



Deu no jornal de hoje
:
"Amor dura três anos".
Eu, por mim,
Já vi durar muito,
Décadas inteiras,
Vidas.

E já vi durar o tempo de
Um maço de rosas
Vermelhas.
Isso com água gelada,
Aspirina e sei lá mais o que.

Vazos vazios.
Amor?
Não sei nem se existe mais.
Quanto mais o quanto dura.
Apesar do que diz
O jornal.

1.6.11

 

Graça


Criança desenhando.

- O que está desenhando?
- Deus.
- Mas ninguém sabe como é Deus.
- Quando eu acabar vão saber.

As crianças sabem das coisas.
Gosto da graça.


 

Como Envelhecer
Bertrand Russel



Psicologicamente existem dois perigos a serem evitados na velhice. Um deles é uma absorção indevida no passado. Não é bom viver de memórias, com saudades dos bons tempos, ou com tristeza pelos amigos que já foram. Os pensamentos devem estar dirigidos ao futuro, para coisas a respeito das quais ainda há algo a fazer. Isso não é sempre fácil; nosso passado é um peso crescente. É fácil achar que nossas emoções eram mais vívidas do que agora, e nossa mente mais aguda. Se isto é verdade, deve ser esquecido, e se é esquecido provavelmente não é verdade.
A outra coisa a evitar é se pendurar em demasia na juventude na esperança de buscar vigor na sua vitalidade. Quando seus filhos estão crescidos eles querem viver a própria vida, e se você continuar a estar tão interessado neles como estava quando eram mais jovens, você provavelmente vai se tornar um peso para eles, a menos que sejam por demais insensíveis. Não digo que não devemos ter interesse neles, mas nosso interesse deve ser contemplativo e, se possível, filantrópico, mas não emocional demais. Os animais perdem interesse pelos seus filhotes assim que eles conseguem cuidar de si mesmos, mas os humanos, devido a duração da infância acham isso difícil.
Acho que uma velhice bem sucedida é mais fácil para aqueles que tem fortes interesses impessoais que envolvem atividades apropriadas. É nessa esfera que uma longa experiência é realmente frutífera, e é nessa esfera que a sabedoria nascida da experiência pode ser exercida sem ser opressiva. É inútil dizer a filhos crescidos para que não cometam erros, tanto porque eles não vão acreditar em você, e porque os erros são uma parte essencial da educação. Mas se você é um daqueles que é incapaz de interesses impessoais, você pode descobrir que sua vida ficará vazia a menos que se dedique a seus filhos e netos. Nesse caso você precisa perceber que embora você possa prestar a eles serviços materiais, tais como dar uma mesada ou tricotar pulôveres, você não pode esperar que eles gostem da sua companhia.
Alguns velhos são oprimidos pelo medo da morte. Nos jovens há uma justificativa para esse sentimento. Jovens que tem razão para temer que vão ser mortos numa batalha podem justificadamente sentir-se amargos com o pensamento de que foram roubados das melhores coisas que a vida tem a oferecer. Mas num velho que conheceu as alegrias e tristezas humanas, e realizou o trabalho que estava nele fazer, o medo da morte é um tanto abjeto e ignóbil. A melhor maneira de vencê-lo - ao menos assim parece a mim - é tornar seus interesses gradualmente mais amplos e mais impessoais, até que pouco a pouco as paredes do ego recuem, e sua vida se torne cada vez mais parte da vida universal.
Uma existência humana individual deveria ser como um rio - pequeno a princípio, estreitamente contido dentro das margens, e correndo apaixonadamente pelas pedras e cachoeiras. Gradualmente o rio alarga-se, as margens se afastam, as águas correm mais tranquilas, e no fim, sem nenhuma quebra visível, ele se funde ao mar, e sem dor perde sua existência individual. O homem que, em sua velhice, puder ver sua vida desta maneira, não sofrerá com o medo da morte, já que as coisas com as quais ele se importa continuarão. E se, com a diminuição da vitalidade, o cansaço aumentar, a idéia de descanso não será mal vinda. Eu gostaria de morrer ainda trabalhando, sabendo que outros continuarão o que eu não poderei mais fazer e contente com o pensamento de que o que foi possível foi feito.

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