30.9.11

 

Vincent
(Starry Starry Night)
Don McLean




 

Táctica y Estrategia
Mario Benedetti



Mi táctica es mirarte
aprender como sos
quererte como sos

mi táctica es hablarte y escucharte
construir con palabras
un puente indestructible

mi táctica es quedarme en tu recuerdo
no sé cómo ni sé con qué pretexto
pero quedarme en vos

mi táctica es ser franco
y saber que sos franca
y que no nos vendamos simulacros
para que entre los dos no haya telón
ni abismos

mi estrategia es en cambio
más profunda y más simple
mi estrategia es
que un día cualquiera
no sé cómo ni sé con qué pretexto
por fin

me necesites.


29.9.11

 

Petite Fleur
Sidney Bechet




 

Life of Apollonios of Tyana
Philostratos



For the gods perceive future things,
ordinary people things in the present, but
the wise perceive things about to happen.


28.9.11

 

Another Time and Place
Dave Van Ronk



Todos temos amores no passado.



 

Serendipity



The faculty of making fortunate discoveries, by accident and sagacity, of things one is not in quest of.

27.9.11

 

Lao Tzu's three Great Treasures



Only the person possessed of Compassion, Modesty and Frugality can remain fit enough to stay free of desperation and keep control of the situation.

 

St. James Infirmary
Louis Armstrong




25.9.11

 

Bem no Fundo
Paulo Leminski



no fundo, no fundo,
bem lá no fundo,
a gente gostaria
de ver nossos problemas
resolvidos por decreto

a partir desta data,
aquela mágoa sem remédio
é considerada nula
e sobre ela - silêncio perpétuo

extinto por lei todo o remorso
maldito seja quem olhar para trás
lá para trás não há nada,
e nada mais

mas problemas não se resolvem,
problemas têm família grande,
a aos domingos saem todos passear
o problema, sua senhora
e outros pequenos probleminhas


24.9.11

 

Jacob's Ladder
Cedar Walton




 
Love is friendship gone mad.
Roman Saying

23.9.11

 

Paulo Leminski



Aqui nessa pedra, alguém sentou para olhar o mar
O mar não parou para ser olhado
Foi mar pra tudo que é lado


 

Ursos Bipolares




 

Kaddish
Ofra Haza




22.9.11

 

Ruby Tuesday
The Rolling Stones




 

Miedo
Nicolás Guillén

De repente me asusta
pensar que estoy viviendo.
¡Qué aventura terrible,
qué miedo!

Estar aquí encerrado,
el corazón latiendo;
aquí, sin saber nada,
con los ojos abiertos;
aquí como un sonámbulo,
manos rectas, de ciego,
buscando una salida,
un gendarme, un portero.

Yo aquí en la vida, solo,

viviendo.


21.9.11

 

Laerte




 

Marcelo Magalhães




 

Um Homem com uma Dor
Paulo Leminski



um homem com uma dor
é muito mais elegante
caminha assim de lado
como se chegando atrasado
andasse mais adiante

carrega o peso da dor
como se portasse medalhas
uma coroa um milhão de dólares
ou coisa que os valha

ópios édens analgésicos
não me toquem nessa dor
ela é tudo que me sobra
sofrer, vai ser minha última obra
já me matei faz muito tempo
me matei quando o tempo era escasso
e o que havia entre o tempo e o espaço
era o de sempre
nunca mesmo o sempre passo

morrer faz bem à vista e ao baço
melhora o ritmo do pulso
e clareia a alma

morrer de vez em quando
é a única coisa que me acalma


20.9.11

 

Paulo Leminski



Isso de querer ser exatamente o que a gente é, ainda vai nos levar além.

 

Stagnation
I Ching



In a time when most of our wants are provided, there is little need for the heroes, the artists, the great thinkers and innovators.
As they recede into the shadows, idleness, apathy, and lassitude come to the forefront.
Peace has become boring, bland, unchallenging - stagnant.
Now our attention turns to the quick fix, the instant celebrity, the fad, the one-nighter, the current buzz.
There is no room for depth.
If you are a passionate soul, you must wait for a better time to find kindred spirits.
In these times, they are only curious legends, bas-relief, dead poets.

19.9.11

 

Hieróglifo
Paulo Leminski



Todas as coisas estão aí
para nos iluminar.
Discípulo pronto,
o mestre aparece
imediatamente,
sob a forma de bicho,
sob a sombra de hino,
sob o vulgo de gente
como num livro, devagar.

Mestre presente,
a gente costuma hesitar,
nem se sabe se o bicho sente
o que sente a gente
quando para de pensar.


18.9.11

 

Breaking Bread
Johnny Cash





Breaking Bread, Breaking Bread
we are gathered here together to break bread
Breaking Bread, Breaking Bread
we are gathered here together to break bread

It's not the barley or the wheat
It's not the oven or the heat
That makes this bread so good to eat
It's the needing and the sharing that makes the meal complete

Breaking Bread, breaking bread
We are gathered here together to break bread
Breaking Bread, breaking Bread
We are gathered here together to break bread

Upon the water prayed is cast
The last is first, the first is last
For everyone who eats this bread
There are thousands maybe more that will be fed

Breaking Bread, breaking bread
We are gathered here together to break bread
Breaking Bread, breaking Bread
We are gathered here together to break bread


 

Paulo Leminski



Haja Hoje para tanto Ontem.

 

Marcelo Magalhães




17.9.11

 

Drummond



As coisas tangíveis
tornam-se insensíveis
à palma da mão.

mas as coisas findas
muito mais que lindas
essas ficarão.

16.9.11

 

Easter 1916
by W.B. Yeats




 

Feira da Sucata e da Barganha
Ester Buffa



Certas músicas,
A Suite número 1 de Bach,
Adiós Nonino de Piazzola
o arco do violino passa
cortando a veia
e extrai um som
doído.

Beleza demais dói.

O fole do bandoneón aperta a alma.


15.9.11

 

Histórias de Guerra
The Clancy Brothers
Waltzing Matilda




 

Marcelo Magalhães




 

Fancy
Reba McEntire




14.9.11

 

Ill Wind
Lonette McKee





"It's an ill wind that blows nobody any good"

13.9.11

 

O Ex-estranho
Paulo Leminski


     misto de tédio e mistério
meio dia / meio termo
incerto ver nesse inverno
medo que a noite tem
que o dia acorde mais cedo
e seja eterno ao amanhecer


12.9.11

 

Marcelo Magalhães




11.9.11

 

9/11



I sit in one of the dives
On Fifty-second Street
Uncertain and afraid
As the clever hopes expire
Of a low dishonest decade:
Waves of anger and fear
Circulate over the bright
And darkened lands of the earth,
Obsessing our private lives;
The unmentionable odor of death
Offends the September night...

- W. H. Auden


"Septemper 1, 1939"

 

O Calcanhar de Sócrates
Fernando de Barros e Silva



"Muito alto e de pés pequenos, com dificuldade para virar rapidamente em direções opostas, ele deu uma dimensão inesperada ao passe de calcanhar, que explorava em condições inimagináveis, incluindo lançamentos longos - como se fosse um Curupira adulto e esclarecido, capaz de investir de um sentido positivo o ponto fraco de Aquiles". Talvez essas sejam as palavras mais inspiradas e certeiras para descrever o que distinguia o gênio de Sócrates em campo.
José Miguel Wisnik, seu autor, diz ainda em "Veneno Remédio: o Futebol e o Brasil" que nunca sabíamos bem "o que esperar daquele genial gafanhoto ambulante que não parecia ostentar o inteiro domínio da sua disposição física".
O próprio Sócrates, em entrevista reunida no livro "Recados da Bola", do jornalista Jorge Vasconcellos, conta que desenvolveu o passe de calcanhar ainda jovem, diante da necessidade de se desfazer rapidamente da bola, antes do contato físico com o adversário, que seu corpo esguio não suportava. "O sapo não pula por boniteza, mas por precisão", dizia Guimarães Rosa.
Ainda sob o regime militar, Sócrates foi mentor e líder da Democracia Corintiana, uma experiência adulta e avançada no ambiente em geral infantilizado e até hoje arcaico e autoritário do futebol. No auge dos anos 80, passava semanas sem falar com a Rede Globo e se dava o direito de reagir com indiferença aos próprios gols, em protesto contra atos hostis da torcida.
Antiatleta com nome de filósofo - e Brasileiro como Tom Jobim -, Doutor Sócrates foi o capitão da seleção de Telê Santana em 1982, segundo ele "o grande time" em que jogou na vida, capaz da proeza de vencer perdendo, como a Hungria de 1954 ou a Holanda de 1974.
O drama decorrente do alcoolismo que ele enfrenta agora o coloca na posição de um Garrincha moderno, ou de um Garrincha esclarecido: desconfiado do sucesso, despreparado para a solidão, outsider como Mané, gauche na vida.

10.9.11

 

Laerte




 

Feliz Coincidência
Paulo Leminski


     qualquer coincidência
é mera semelhança
enquanto o quixote pensa
sancho coça a sancha pança

todas as coisas sejam iguais
que o vermelho seja verde
o azul seja amarelo
e o sempre seja nunca mais


9.9.11

 

Da Observação
Mario Quintana



Não te irrites, por mais que te fizerem...
Estuda, a frio, o coração alheio.
Farás, assim, do mal que eles te querem,
Teu mais amável e sutil recreio...

 

Eclesiastes 7, 16.



Não sejas muito justo; nem mais sábio do que é
necessário, para que não venhas a ser estúpido.

8.9.11

 

Poranduba
Francisco Brasileiro



Ou o homem dá na meada
E desenleia a linha
Ou então não vale nada
E continua de gatinhas
Se a vida é pra valer
Assim pois que valha tudo
Entre falar e ser mudo
Entre ser mudo e saber
Vale tudo que aprender
Que ajude o homem a viver
A razão do seu absurdo
Se alguma coisa é ser
O homem é mais que tudo
Bem aqui a fala Ser
É maior do que a Ter
Neste mundo encantado
A linguagem do mago
Passa tudo ao figurado

Pra continuar com a miragem
Dou notícias da viagem

7.9.11

 

Pity
Ojibwe Saying



Sometimes I go about in pity for myself,
and all the while
a great wind carries me across the sky.

6.9.11

 

A Lua no Cinema
Paulo Leminski


     A lua foi ao cinema,
passava um filme engraçado,
a história de uma estrela
que não tinha namorado.

Não tinha porque era apenas
uma estrela bem pequena,
dessas que, quando apagam,
ninguém vai dizer, que pena!

Era uma estrela sozinha,
ninguém olhava pra ela,
e toda luz que ela tinha
cabia numa janela.

A lua ficou tão triste
com aquela história de amor,
que até hoje a lua insiste:
- amanheça, por favor!


4.9.11

 

Canção do Dia de Sempre
Mario Quintana



Tão bom viver dia a dia...
A vida, assim, jamais cansa...

Viver tão só de momentos
Como essas nuvens do céu...

E só ganhar, toda a vida,
Inexperiência... esperança...

E a rosa louca dos ventos
Presa à copa do chapéu.

Nunca dês um nome a um rio:
Sempre é outro rio a passar.

Nada jamais continua,
Tudo vai recomeçar!

E sem nenhuma lembrança
Das outras vezes perdidas,
Atiro a rosa do sonho
Nas tuas mãos distraídas...


2.9.11

 

Meu Menino de Olhos Tristes
Maria Júlia



Menino lindo dos olhos verdes
por que tristeza no teu olhar?
Quanta mensagem você me passa,
Quanto me fala, sem me falar...
Seu rosto claro, lábios cerrados,
Lutam por dentro pra se calar.
Mas eu diviso, no teu silêncio
Todo o tumulto do teu pensar.
Você tão jovem, cheio de sonhos
Que se derramam,
que se esparramam...
São tão difíceis de controlar.
Sonhos de vida, sonhos de morte,
Também de medo ou de perfeição.
É muita coisa, muita bagagem
Fazendo peso no coração.
Diante da vida, meio assustado
Você se cala pela emoção.
Teu dia é hoje, a hora que passa,
Que você tenta agarrar com a mão.
Mas tudo foge, tudo te engana,
E como dói essa situação!
Eu te amo tanto, menino lindo... alma dorida.
Eu quero aflita te proteger.
Como não posso, te entrego à vida
Que vai levar-te em seu turbilhão.
Mas sei no entanto, passada a luta
Que vais vencer, vais te alegrar.
Mas muita sombra pelo caminho
Teus verdes olhos farão chorar...


1.9.11

 

Veículos da Cidade
Marcelo Tápia



nas ruas cada um vai
ou vem traçando
seu roteiro
único
em meio
a tantos trajetos
cruzados cruzados cruzados
fios que se torcem se desenlaçam
se anovelam se anulam dão-se nó
cada um no seu curso
cada qual no seu leito, seu sulco, seu trilho
seu caminho, seu destino
suas vidas atadas desatadas
seus emaranhados de nadas


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