29.1.11

 

Menino
Sergio Pinheiro Lopes


Sobre minha alma
De menino
Finas camadas
De cinismo,
De traquejo,
De experiência.
As manhas, as cascas
De adulto.
Agora é descolar,
Uma a uma,
As tênues capas
Que juntas se espessam:
Joio e trigo,
Joio e trigo,
Joio e trigo,
Para, quem sabe,
Vislumbrar, ainda que
Pálido,
O rosto esquecido,
O olhar colorido,
O gosto da primeira vez
Em tudo.
Cuido dos meus
Dias grisalhos,
Removendo meticuloso
A cola poderosa do
Tempo e do hábito.




 

Portrait
Sergio Pinheiro Lopes


An aristocrat from the tropics,
mild of manner and educated,
albeit not formally;
who should be kept away from alcohol
not to flood unprepared ears
with harsh observations
usually best left unsaid;
excelling in the language and culture
of the forefathers, at least
four generations removed,
he walks and lives:
a fake pearl amidst real swine.




 

Retrato
Sergio Pinheiro Lopes


Um aristocrata dos trópicos,
de boas maneiras e educado,
embora não de modo formal;
que deveria ficar longe do álcool;
que não deveria encher ouvidos
desprevenidos com falas
severas, melhor se não ditas;
primando na língua e na cultura
de seus antepassados, ao menos
quatro gerações já idas,
ele caminha e ultrapassa os anos:
pérola falsa entre legítimos suínos.

(Tradução para o português de Marcelo Tápia)




25.1.11

 

25 de Janeiro
Sergio Pinheiro Lopes


Nasci um ano antes do Quarto Centenário, quando inauguraram o Ibirapuera. Havia barcos a remo e a motor no lago e um restaurante ao lado do deck. Ia-se a pé por ruas de sibipirunas e tipuanas.
Os Jardins podiam ser chamados de Pomares: havia ruas com jabuticabeiras, amoreiras, pés-de-café (tinha um na frente de casa) e muitas outras.
As pajens – era assim que as chamavam – andavam com os carrinhos de bebê nas praças, os táxis e os telefones eram pretos, os guarda-civis usavam uniforme azul e luvas brancas. Dava para jogar bola na rua Estados Unidos. No centro da Praça das Guianas havia uma árvore imensa. Quando eu era menino dava para ficar contando os carros que passavam pela 9 de Julho. Era lá que passava a parada de 7 de Setembro, e, no carnaval, havia corso na avenida Brasil.
O Harmonia não era clube de gente metida. A rua Canadá inundava em dia de chuva. O Morumbi não existia. A cidade acabava lá pelo Jockey Club, depois era ‘o pasto’, como se dizia. Hoje ando como alma penada nessa minha cidade, arrancando pedaços de memória das poucas casas de então, de um quebradinho na calçada, de uma ou outra árvore. Meu Tio Julinho parava o carro naquela esquina quando vinha tomar lanche no domingo. A Casa América tinha o melhor sorvete de pistache do mundo. O primeiro supermercado da cidade chamava-se Sirva-se, localizado na rua Augusta. Um pouco mais para cima ficavam o cine Paulista e a primeira lanchonete que só vendia hot-dog com fritas e hot fudge nut. Ia para o cinema, para a escola, para o clube, para visitar minha avó, tudo de bonde. Depois veio o ônibus elétrico que fazia hmmmmmmm quando acelerava. A praça das Bandeiras chamava “O Piques”, e a rua Direita era torta. O cine Marrocos era o mais aconchegante, e a Salada Paulista, na avenida Ipiranga, era restaurante de gente educada. Comia-se bem. Havia a praça da República e flores no largo do Arouche – acho que ainda têm. As meninas do Externato Meira eram as mais galinhas, e o Consulado Americano ficava no Conjunto Nacional, aquele, com o relógio da Willys (Overland do Brasil). O crioulo que fazia as entregas da Mercearia Vera chamava-se Sagüi, e todo dia era possível cruzar com o escocês e seu coolie. O tempo vivia nublado, sempre garoava. A cidade era mais fria, as pessoas mais quentes. Dormia-se de janela aberta. Meu cachorro Paddy andava solto, todo mundo o conhecia. Todas as ruas eram de paralelepípedos.
Esses meus cabelos brancos são apenas um disfarce.
Nunca cresci: continuo menino e continuo contando os carros.
Hoje é aniversário de São Paulo.




23.1.11

 

Gato
Sergio Pinheiro Lopes



Gato é cachorro
ao contrário.

Cachorro
quando abana o rabo
está feliz.
Rabo abanando é gato
infeliz.

Cachorro
quando rosna,
cuidado.
Quando ronro(s)na,
gato está sem cuidados.

Cachorro
tem uma energia!
Gato dorme
dezesseis horas
por dia.

Mas fica
ao seu lado
noite e dia.
Vela
por você.

Tanta noite
escura, tanta
coisa errada
no passado
e na vida.

E o gato lá,
sempre
me olhando.
E me olhando está
ainda.

O que será
que vê em mim?

 

Haikais
Millôr Fernandes


Há colcha mais dura
que a lousa
da sepultura?

Na poça da rua
O vira-lata
Lambe a Lua.

Com que habilidade
Você estraga
Qualquer felicidade!

Nos dias quotidianos
É que se passam
Os anos.

O desenvolvimento cerebral
Nunca se compara
Ao abdominal.

Não é segredo.
Somos feitos de pó, vaidade,
E muito medo.

No falecimento
Lenço grande demais
Pro sentimento.

Eremita, me afundo
No deserto, pra ser
O centro do mundo.

Esnobar
É exigir café fervendo
E deixar esfriar.

Aniversário é uma festa
Pra te lembrar
Do que resta.

Olha,
Entre um pingo e outro
A chuva não molha.

 

Precisão
Clarice Lispector



O que me tranqüiliza
é que tudo o que existe,
existe com uma precisão absoluta.
O que for do tamanho de uma cabeça de alfinete
não transborda nem uma fração de milímetro
além do tamanho de uma cabeça de alfinete.
Tudo o que existe é de uma grande exatidão.
Pena é que a maior parte do que existe
com essa exatidão
nos é tecnicamente invisível.
O bom é que a verdade chega a nós
como um sentido secreto das coisas.
Nós terminamos adivinhando, confusos,
a perfeição.

18.1.11

 

Η Διορία του Nέρωνος
Constantine P. Cavafy


Original grego

Original Greek



Δεν ανησύχησεν ο Νέρων όταν άκουσε
του Δελφικού Μαντείου τον χρησμό.
«Τα εβδομήντα τρία χρόνια να φοβάται.»
Είχε καιρόν ακόμη να χαρεί.
Τριάντα χρονώ είναι. Πολύ αρκετή
είν’ η διορία που ο θεός τον δίδει
για να φροντίσει για τους μέλλοντας κινδύνους.

Τώρα στην Pώμη θα επιστρέψει κουρασμένος λίγο,
αλλά εξαίσια κουρασμένος από το ταξείδι αυτό,
που ήταν όλο μέρες απολαύσεως —
στα θέατρα, στους κήπους, στα γυμνάσια ...
Των πόλεων της Aχαΐας εσπέρες ...
A των γυμνών σωμάτων η ηδονή προ πάντων ...


Aυτά ο Νέρων. Και στην Ισπανία ο Γάλβας
κρυφά το στράτευμά του συναθροίζει και το ασκεί,
ο γέροντας ο εβδομήντα τριώ χρονώ.

 

Neros's Deadline
Constantine P. Cavafy
Edmund Keeley/Philip Sherrard


Nero wasn’t worried at all when he heard
the utterance of the Delphic Oracle:
“Beware the age of seventy-three.”
Plenty of time to enjoy himself still.
He’s thirty. The deadline
the god has given him is quite enough
to cope with future dangers.

Now, a little tired, he’ll return to Rome—
but wonderfully tired from that journey
devoted entirely to pleasure:
theatres, garden-parties, stadiums...
evenings in the cities of Achaia...
and, above all, the sensual delight of naked bodies...

So much for Nero. And in Spain Galba
secretly musters and drills his army—
Galba, the old man in his seventy-third year.

 

O Prazo de Nero
Constantine P. Cavafy
José Paulo Paes


Não ficou perturbado Nero quando ouviu
do Oráculo de Delfos o prenúncio:
"Teme ao ano septuagésimo terceiro."
Tinha tempo bastante a desfrutar.
Só contava trinta anos. Muito dilatado
era o prazo que o Deus lhe concedia
para cuidar-se dos riscos do futuro.

Agora vai voltar a Roma um tanto fatigado
da magnífica fadiga que se traz de uma viagem
toda feita de dias de prazer –
nos jardins, nos teatros, nos ginásios...
Ah tardes das cidades da Acaia...
Ah a volúpia de corpos desnudos, sobretudo...

Isto com Nero. Na Espanha todavia, Galba
secretamete congrega suas tropas e as exercita,
Galba, um velho: setenta e três anos de idade.

15.1.11

 

Mathew Arnold
Written in a copy of Emerson's Essays


The will is free;
Strong is the soul, and wise and beautiful;
The seeds of godlike power are in us still;
Gods are we, bards, saints, heroes, if we will!

14.1.11

 

Samba do Suicídio
Paulo Emílio Vanzolini





Que eu andei mal não é segredo
Duro como um rochedo
E jogando sem sorte
Poeta de morte no esporte
E no amor sempre mal sucedido
Um dia abatido pegando jornal
Pra me servir de colchão
Ao estendê-lo no chão
Li uma notícia que confirmou a minha opinião
Estava dura e nana 18 suicídios naquela semana
Com a notícia assim lida
Encontrei a saída
Do problema e da vida
Sem perda de um minuto
Subi no viaduto
E atirei-me no espaço
Meu D-us mas que fracasso
Eu estava tão consumido
Que um ventinho distraído
Que estava a soprar
Foi me levando pelo ar
Pra me largar num fio
No alto de santana
Voltei a pé para a cidade
O que levou uma semana
Voltei ao problema
Por outro sistema
E tomei formicida
E tive a maior surpresa de minha vida
Descobrindo assim
Que o que andavam servindo
Aqui no botequim
Não era tatuzinho
Chá de briga
Era o tatu mesmo
O fazedor de orse de formiga
Me deu um frio na barriga
E um calor no duodeno
Aí fiz a pele do galego
Que é pra largar mão de veneno
Penso então que o que mais me convém
É ficar embaixo do trem
Que assim é certo eu entrar bem
Sem pensar mais
Eu corri para o Brás
E joguei a carcaça embaixo de
Maria fumaça de 28 vagões
E nestas condições
O resultado foi fatal
Vejam a notícia no jornal
Pavoroso descarrilhamento na central
Deu tanto morto e estropiado
Que eu fiquei meio chateado
Procuro então um padre confessor
Que me aconselhou
Moço não seja tolo
E meta um tiro no miolo
Mas bom senhor pois não deu senhor
Eu tenho corpo fechado
Na tenda paz zulu
Dô ricochete em bala
E a durindana resvala no meu peito nu
Por esse lado eu não dou chance pra urubu
Nem vou morar lá no caju

 

Capoeira do Arnaldo
Paulo Emílio Vanzolini
Luís Carlos Paraná





Quando eu vim da minha terra
Passei na enchente nadando
Passei frio, passei fome
Passei dez dias chorando
Por saber que de tua vida
Pra sempre estava passando
Nos passo desse calvário
Tinha ninguém me ajudando
Tava como um passarinho
Perdido fora do bando

Vamo-nos embora, i ê
Vamo-nos embora, camará
Presse mundo afora, i ê
Presse mundo afora, camará

Quando eu vim da minha terra
Veja o que eu deixei pra trás
Cinco noivas sem marido
Sete crianças sem pai
Doze santos sem milagre
Quinze suspiros sem ai
Trinta marido contente
Me perguntando "já vai?"
E o padre dizendo às beata
"Milagre custa, mas sai"

Vamo-nos embora, i ê (...)

Quando eu vim da minha terra
Num sabia o que é sobrosso
Sabença de burro velho
Coragem de tigre moço
Oração de fechar corpo
Pendurada no pescoço
Rifle do papo-amarelo
Peixeira de cabo de osso
Medalha de Padre Ciço
E rosário de caroço
Pra me alisar pêlo fino
E arrepiar pêlo grosso
Que eu saí da minha terra
Sem cisma
Susto ou sobrosso

Vamo-nos embora, i ê (...)

Quando eu vim da minha terra
Vim fazendo tropelia
Nos lugar onde eu passava
Estrada ficava vazia
Quem vinha vindo, voltava
Quem ia indo, não ia
Quem tinha negócio urgente
Deixava pro outro dia
Padre largava da missa
Onça largava da cria
E os pai de moça donzela
Mudava de freguesia
Mas tinha que fazer força
Porque as moça num queria

Vamo-nos embora, i ê (...)

Eu sai da minha terra
Por ter sina viageira
Cum dois meses de viagem
Eu vivi uma vida inteira
Sai bravo, cheguei manso
Macho da mesma maneira
Estrada foi boa mestra
Me deu lição verdadeira
Coragem num tá no grito
E nem riqueza na gibeira
E os pecado de domingo
Quem paga é segunda-feira

Vamo-nos embora, i ê (...)

10.1.11

 

Odes I, 11
Horácio


tu ne quaesieris, scire nefas, quem mihi, quem tibi
finem di dederint, Leuconoe, nec Babylonios
temptaris numeros. ut melius, quidquid erit, pati.
seu pluris hiemes seu tribut Iuppiter ultiman,
quae nunc oppositis debilitat pumicibus mare
Tyrrhenum: sapias, vina liques et spatio brevi
spem longa reseces. dum loquimur, fugerit invida
aetas: carpe diem quam minimum credula postero.

 

Odes I, 11
Horácio
Paulo Henriques Britto


Não me perguntes, pois é proibido,
que fim darão, Leocono, a ti e a mim
os deuses; nem em adivinhações
ao modo babilônico confies.
Enfrenta o que cruzar o teu caminho.
Quer tenhas pela frente ainda muitos
invernos, quer fustigue já a costa
do mar Tirreno o último que Júpiter
há de te dar, sê sábio, bebe vinho,
e espera pouco. Neste mesmo instante
em que falamos, o invejoso tempo
de nós já foge. - Aproveita o dia,
confia no amanhã somente o mínimo.

 

Horácio no Baixo
Horácio
Paulo Henriques Britto


(Uma tradução, mais criativa, por assim dizer.)

Tentar prever o que o futuro te reserva
não leva a nada. Mãe de santo, mapa astral
e livro de autoajuda é tudo a mesma merda.
O melhor é aceitar o que de bom ou mau
acontecer. O verão que agora inicia
pode ser mais um, ou pode ser o último -
vá saber. Toma o teu chope, aproveita o dia,
e quanto ao amanhã, o que vier é lucro.

9.1.11

 

Jardim
Sergio Pinheiro Lopes


Para mau
Jardineiro, até que ainda há
Flores em meu descuidado
Jardim.
Algumas mataram meu mau jeito, a
Outras faltou água, a
Outras ainda o
Esquecimento abandonou
Em algum canto por
Tempo demais e também se
Foram.
Mas ainda há flores no meu atrapalhado
Jardim,
E avencas, e
Marias-sem-vergonha, e marianinhas.
Um ou outro roseiral foi trazido pelo
Vento ou pelas borboletas,
E que sem meus cuidados, teimosas,
Floresceram.
Mas as ervas daninhas e o mato
Incontrolável, por
Isto, só este jardineiro
Irresponsável
Responde.

7.1.11

 

Uma Pequena Lágrima
A Little Tear
Sergio Pinheiro Lopes


O palco: a casa é limpa, a mobília disposta em uma ordem mais conveniente, consideração é dada aos pratos e copos, a atenção é dirigida à completa satisfação dos convidados: somente as melhores comidas e bebidas devem ser servidas e o suprimento tem que ser ininterrupto e abundante. A música precisa ser cuidadosamente escolhida e alguém tem que estar encarregado dela. Pelo menos até a hora prescrita para a festa terminar. Pois a festa precisa terminar. O fim é tão parte de uma festa como é parte de todas as coisas.
A peça: é sempre a mesma trama com pequenas variações. Os convidados chegam, todos bem vestidos e adequados. Boas maneiras e uma certa reserva podem ser observadas em todos. A medida que a noite avança, no entanto, o verniz social é vagarosamente removido pelo álcool e todo tipo de sub-tramas se desenvolvem. Nada fora do absolutamente esperado, notem vocês, sempre haverá os felizes e os tristes, os barulhentos e os quietos, os que rejeitam e os que são rejeitados, os que apenas observam, observando, os que estão lá apenas para serem vistos, apenas sendo vistos e, é claro, os que estão apaixonados e os que estão sem amor, pois de outra forma não seria uma festa digna do nome.
O fim: o fim é uma pilha de pratos sujos, comidas deixadas pela metade, garrafas vazias e cinzeiros cheios, pedaços e cacos de histórias ainda pairando no ar enfumaçado e um ou outro convidado vagando e se perguntando onde tudo foi parar.
Ao anfitrião é permitida apenas uma pequena lágrima, mas somente quando as portas estiverem fechadas, as luzes principais finalmente apagadas e não houver nenhuma testemunha.


The stage: the house is cleaned, the furniture disposed in a more convenient order, thought is given to plates and glasses, attention is directed to the complete satisfaction of the guests: only the best foods and drinks are to be served and the supply must be uninterrupted and plentiful. The music must be carefully chosen and someone must be in charge of it. At least until the hour prescribed for the party to end. For the party must end. The end is as part of a party as it is a part of all things.
The play: it is always the same plot with little variations. The guests arrive, all dressed up and proper. Good manners and a certain restraint is to be observed in everyone. As the night proceeds, however, the social varnish is slowly removed by the alcohol and all sorts of small subplots take place. Nothing outside the absolutely usual, mind you, there will always be the happy ones and the sad ones, the loud ones and the quiet ones, the rejecting and the rejected, the ones that just observe, observing, the ones that are there just to be seen, just being seen and, of course, the ones in love and the ones out of love, for otherwise it wouldn’t be a party worthy of the name.
The end: the end is a pile of dirty dishes, half eaten food, the bottles empty and the ashtrays full, bits and pieces of stories still hanging in the smoky air and one or other guest walking around wondering where has it all gone.
To the host is allowed a little tear, but only after the doors are closed, the main lights are finally out and there are no witnesses.

6.1.11

 

Old Friends
Paul Simon
Simon & Garfunkel



Old friends, old friends, sat on their park bench like bookends.
A newspaper blowin' through the grass,
Falls on the round toes of the high shoes of the old friends.

Old friends, winter companions, the old men...
Lost in their overcoats, waiting for the sun...
The sounds of the city sifting through trees,
Settles like dust on the shoulders of the old friends.

Can you imagine us years from today, sharing a park bench quietly.
How terribly strange to be seventy (or sixty...).

Old friends, memory brushes the same years,
silently sharing the same fears.

Time it was, and what a time it was, it was...
A time of innocence,
A time of confidences...
Long ago, it must be,
I have a photograph,
Preserve your memories,
They're all that's left you...


5.1.11

 

Dia de latim
Latin day


 

Ave Maria
Latim


Ave Maria
Gratia plena
Dominus tecum
Benedicta tu
In mulieribus
Et benedictus
Fructus Ventris tui, Jesu
Sancta Maria,
Mater Dei,
Ora pro nobis,
Pecatoribus,
Nunc et in hora
Mortis nostrae,
Amem.

 

O Caritas
Cat Stevens
(Yusuf Islam)



Original Latin (please ignore subtitles):

Hunc ornatum mundi
Nolo perdere
Video flagrare (3)
Omnia res
Audio clamare (3)
Homines
Nunc extinguitur
Mundi et astorum lumen
Nunc concipitur
Mali homines crimen
Tristetat et lacrimis
Gravis est dolor
De terranque maribus
Magnus est clamor
O caritas, O caritas
Nobis semper sit amor
Nos perituri mortem salutamus
Sola resurgit vita

Ah, this world is burning fast
Oh, this world will never last
I don't want to lose it, (3)
here in my time
Give me time forever, (3)
here in my time.




English translation:


I don't want to lose

The harmony of the universe
I see all things burning
I hear men shouting
Now is the light of the
World and the stars going out
Now does the blame for the disaster
Fall upon men
Grief is heavy with sadness and tears
Great is the noise from the earth and the seas
O love, O love be with us always
We who will perish salute death
Life alone goes on

3.1.11

 

Shorts II
Poemas Breves II
W. H. Auden
João Paulo Paes



A poet's hope: to be,
like some valley cheese,
local, but prized elsewhere.

***

Who can picture
Calvin, Pascal or Nietzsche,
as a pink chubby boy?

***

Deprived of a mother to love him,
Descartes divorced
Mind from Matter.


A esperança de um poeta: ser,
Como os queijos de certos vales,
Local, mas estimado alhures.

***

Quem poderá jamais imaginar
Calvino, Pascal ou Nietzsche
Como um róseo garoto rechonchudo?

***

Sem mãe capaz de amá-lo,
Descartes divorciou
A Mente da Matéria.

This page is powered by Blogger. Isn't yours?