22.9.07

 

Carta A Uma Amiga
Sergio Pinheiro Lopes


Amigo seu,

realmente sou,
digo da tristeza
de ler o que escreveu,
de receber o que mandou.
Ligas para um,
ligas para outro.
Um dormiu,
outro não pode,
então “catou” um na anete.
Que pena,
que coisa mais triste,
seu pulso e impulso.
A mim parece outra espécie, a sua,
não compreendo fazer amor sem amor,
é comer sem apetite,
prato de ânsia e agonia,
comida sem sabor.
Uma atração,
a partir de um olhar,
de um roçar, do olho no olho –
estranhos na noite.
Mais para beef tartar do
que para caviar, dá para aceitar,
ver que da atração, da química,
pode nascer um calor, uma possibilidade
de um amor.
Seu virtual é sem virtude,
sua recompensa não tem valor,
eu, por um, não quero parte nem abrigo
nesse seu horror.
Nem imagino a aposta,
sei muito bem quem é o perdedor.
Posso ser teu amigo, paciente e antigo,
jamais seria um seu amor,
mais um na longa e triste lista
deste seu despudor.

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