14.9.07

 

História
Artigo
Professor J. Vasconcelos


Réplica
Sergio Pinheiro Lopes


Prezado Professor,

Embora não discordando dos fatos que elenca, teria algumas considerações a fazer a respeito do desenvolvimento das colônias americana e brasileira. Sua análise, embora correta nas conseqüencias finais da cultura política resultante em um e outro país, pareceu-me um pouco hidráulica, se permite um adjetivo talvez demasiado forte.
Li, recentemente, a biografia de D. Pedro II e Uma História dos Estados Unidos. O primeiro, um primor de bem escrito e a mim, ao menos, informou de muitas coisas que não sabia.
O segundo tem o mérito de ser um resumão da história dos EUA. Explica o essencial embora passando ao largo de muitos fatos de grande importância. Temos, entre nós, pouca literatura histórica sobre esta Roma midiática, moderna e armada até os dentes que dá as cartas (embora não todas) no mundo hoje em dia. Por conta destas leituras tenho uma visão um pouco diferente da sua quanto ao que determinou uma e outra cultura.
Enfim.
Discordo também do conceito de democracia pura.
De fato, infelizmente, e nisso o senhor tem razão, nem sempre a maioria escolhe de acordo com seu próprios interesses. Este é um preço da democracia representativa (e não tão representativa assim, já que como herança do infame Pacote Abril do Geisel, um voto do Acre, por exemplo, vale sete votos paulistas, se não me engano no número) que, ao meu ver, só é passível de uma solução histórica ao longo do tempo.
O aumento e a melhora na qualidade da educação formal e as diversas e seguidas experiências com o resultado de seus votos, educarão, aos poucos, é verdade, - a história tem um timing diferente da duração da vida dos indivíduos - a população e a tornará mais atenta à seus interesses e ao interesse da coletividade na hora de escolher seus representantes.
Como diria Galileu "Eppur Si Muove".
Os EUA, guardadas as proporções e diferenças, também viveu um longo período de falências institucionais várias, corrupção em todos os níveis, violência, crime organizado e muitas outras vicissitudes pelas quais estamos passando atualmente. E as superou e melhorou suas instituições, tornando-as mais transparentes e eficientes. Não obstante o retrógrado presidente que ora infelicita aquela nação. Ainda há muita corrupção nos EUA, mas os controles são definitivamente mais eficientes.
Mesmo no Brasil, consigo observar muitas melhoras apenas no meu tempo de vida. Muitas pioras também, é bem verdade.
Temos o fato global, ademais, embora não relacionado a regimes políticos, de que as condições objetivas de vida melhoraram em todo o planeta nos últimos cem anos (um século sendo um tempo muito curto do ponto de vista da história). Desde a taxa de morbidade por mil nascimentos, até os níveis nutricionais e de educação, melhoraram em todo o mundo, mesmo nos países africanos em pior situação.
Assim que acho que há motivos para esperança, ainda que cautelosa e tímida.

Um abraço.

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