20.4.08
Poemas 293
Poems 293
Muitas Vozes
Ferreira Gullar
Meu poema
é um tumulto:
a fala
que nele fala
outras vozes
arrasta em alarido.
(Estamos todos nós
cheios de vozes
que o mais das vezes
mal cabem em nossa voz:
se dizes pêra,
acende-se um clarão
um rastilho de tardes e açúcares
ou
se azul disseres,
pode ser que se agite
o Egeu
em tuas glândulas).