19.12.10

 

Ciência
Marcelo Gleiser

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"Olhe para as suas mãos.
Nela, você encontra átomos que pertenceram a estrelas desaparecidas há mais de 5 bilhões de anos. Essas estrelas, no final de sua existência, forjaram os elementos químicos que compõem seu corpo, as montanhas, os rios e os oceanos.
Quando explodiram, elas espalharam suas entranhas pelo espaço sideral, os ingredientes da vida, em ondas de choque que se propagaram a milhares de quilômetros por segundo. Em um canto da galáxia, essas ondas se chocaram com uma enorme nuvem de hidrogênio, provocando instabilidades que levaram ao seu colapso. E dele nasceu o Sistema Solar, com sua corte de planetas e luas e, em um deles, seres capazes de questionar suas origens.
Somos, concretamente, restos de estrelas animados de consciência.
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A ciência comprova nossa profunda relação com o Cosmos. Não apenas porque vivemos nele, mas porque somos feitos dele: nós e todos os agregados de matéria, vivos e não-vivos. Estamos no Cosmos e o Cosmos está em nós.
Quem duvida que a ciência é uma busca espiritual deveria refletir sobre o que escrevi acima."

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Do artigo "Inevitabilidade Humana", publicado hoje na Folha de S. Paulo.

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