18.3.12

 

Coração Secreto
Sergio Pinheiro Lopes



Não tive vários grandes amores,
embora já tenha achado isso.
Hoje vejo o grande amor da minha vida como aquele que está em curso.
Sempre o grande amor, porque o único no presente.
E o presente é absolutamente tudo o que existe.
Assim é também com o abandono,
abandonar ou ser abandonado.
É também, no presente (e só ele existe, certo?),
total e absoluto.
Quando alegria, tudo alegria.
Quando tristeza, tudo tristeza.
Como olhos que só conseguem focar e ver nitidamente
somente aquilo que está presente e a vista.
Todo o resto, passados e futuros,
borrões que, por teimosia, dou vida ou à matéria morta, ou a inexistente, e os interpreto, torno-os visíveis, dou viés, como se de fato existissem.

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