30.11.11
Homenagem II
Orides Fontela
Mario Quintana
PROGRAMAS
Exorcizar os ventos
anular as estátuas
recuperar os anjos
- instaurar a alegria.
Para instaurar jardins:
desencantar as fadas
dissolver os rochedos
devorar as esfinges.
29.11.11
Cotidiana 1
Mario Benedetti
La vida cotidiana es un instante
de otro instante que es la vida total del hombre
pero a su vez cuántos instantes no ha de tener
ese instante del instante mayor
cada hoja verde se mueve en el sol
como si perdurar fuera su inefable destino
cada gorrión avanza a saltos no previstos
como burlándose del tiempo y del espacio
cada hombre se abraza a alguna mujer
como si así aferrara la eternidad
en realidad todas estas pertinacias
son modestos exorcismos contra la muerte
batallas perdidas con ritmo de victoria
reos obstinados que se niegan
a notificarse de su injusta condena
vivientes que se hacen los distraídos
la vida cotidiana es también una suma de instantes
algo así como partículas de polvo
que seguirán cayendo en un abismo
y sin embargo cada instante
o sea cada partícula de polvo
es también un copioso universo
con crepúsculos y catedrales y campos de cultivo
y multitudes y cópulas y desembarcos
y borrachos y mártires y colinas
y vale la pena cualquier sacrificio
para que ese abrir e cerrar de ojos
abarque por fin el instante universo
con una mirada que no se averguence
de su reveladora
efímera
insustituible
luz
28.11.11
La Mala Reputación
George Brassens
Paco Ibañez
26.11.11
Es Amarga la Verdad
Gabriel Celaya
Paco Ibañez
24.11.11
Alquimia
Sergio Pinheiro Lopes
E é nas salas
e é no mundo
e é o tempo que passa
e foi só um segundo
e choram as lágrimas
e sorriem os sorrisos,
e passam na vida
e falam da sorte
e tem medo da morte
e jogam na sena
e está tudo certinho
e é jogo de cena
e não tão nem aí
e não mexam comigo
e vai indo na frente
e não tem perigo
e a raiva é muita
e a inveja é tanta
e andam na rua
e não mudam de assunto
e ficam na sua
e é queijo e é presunto
e tem prestação
e esquecem das coisas
e a todo momento
é só sentimento
e quem tem força segura
e quem não tem se pendura
e se jogam no chão
e torcem domingo
e não andam dormindo
e sei lá, dá um tempo
e vão de edredom
e tem chocolate
e fazem amor
e reclamam da dor
e sonham os milhões
e passeiam os cães
e gritam no trânsito
e temem dezembro
e esperam o verão
e chove demais
e tudo cansa demais
e tem o vazio
e suam, e malham
e sentem calor
e as férias não chegam
e não sentem sabor
e é nas salas
e é no mundo
e é o tempo que passa
e foi só um segundo
e tem suas mágoas
e a culpa é dos outros
e nada é nada
e então dão risada
e então tiram uma
e levam na cara
e desculpe a pisada
e se sentem ridículos
e choram quietinhos
e os cinco sentidos
e querem um aumento
e a vida é um tormento
e parar nem pensar
e querem um gole
e não se perde a memória
e assim dá azar
e pegam metrô
e tomam remédio
e vão fazer compras
e são só seis dezenas
e a todo momento
é só sentimento
e quem tem força segura
e quem não tem se pendura
e falam dos filhos
e traem as mulheres
e são outra pessoa
e estão numa boa
e elas falam de homem
e sentem azia
e às vezes não são
e muitas não dão
e as saudades da tia
e bem que te disse
e eu não sabia
e choram e riem
e pedem um suco
e pagam o seguro
e aqui é melhor não
e acendem um cigarro
e tiram um sarro
e tem escassa memória
e qual é o fim da história
e pedem pra Deus
e é nas salas
e é no mundo
e é o tempo que passa
e foi só um segundo
e tomam chuva
e falam dos seus
e trocam de mal
e a maldita empregada
e perdem o ônibus
e não fazem salada
e estouram o cartão
e vão ganhar um milhão
e largam o emprego
e vão com o fluxo
e deixa pra lá
e foi só um susto
e entram a esquerda
e aí, chega mais
e já estou por aqui
e se perdem
e se acham
e não te contei
e ficam no muro
e trancam a casa
e a todo momento
é só sentimento
e quem tem força segura
e quem não tem se pendura
e é o porto seguro
e fecham o gás
e olham pra trás
e querem sumir
e não vão desistir
e somos assim
e falem de mim
e vai-se levando
e sorrindo
e cantando
e ganham
e perdem
e todo mundo se queixa
e ninguém perde a deixa
e é tudo um plágio
e é do Rino
e é do Biaggio
e não mete a mão
e desse jeito não dá
e eu não, violão
e é nas salas
e é no mundo
e é o tempo que passa
e foi só um segundo
23.11.11
Sensation
Rimbaud
Par les soirs bleus d'été, j'irai dans les sentiers,
Picoté par les blés, fouler l'herbe menue :
Rêveur, j'en sentirai la fraîcheur à mes pieds.
Je laisserai le vent baigner ma tête nue.
Je ne parlerai pas, je ne penserai rien :
Mais l'amour infini me montera dans l'âme,
Et j'irai loin, bien loin, comme un bohémien,
Par la nature, heureux comme avec une femme.
On the blue summer evenings, I shall go down the paths,
Getting pricked by the corn, crushing the short grass:
In a dream I shall feel its coolness on my feet.
I shall let the wind bathe my bare head.
I shall not speak, I shall think about nothing:
But endless love will mount in my soul;
And I shall travel far, very far, like a gipsy,
Through the countryside - as happy as if I were with a woman.
1870
22.11.11
Dhammapada
La Mia Banda Suona Il Rock
Ivano Fossati
Lugano Addio
Ivan Graziani
21.11.11
The Dhammapada
makers of arrows make the arrows straight;
carpenters control their timber;
and the wise control their own minds.
Aqueles que fazem canais para a água controlam a água;
os que fazem flechas as fazem retas;
os carpinteiros controlam sua madeira;
e os sábios controlam sua própria mente.
La Javanaise
Serge Gainsbourg
Nous nous aimions
Le temps d'une chanson
20.11.11
Niente da Capire
Francesco De Gregori
Vorrei Cantare Come Biagio Antonacci
Simone Cristicchi
19.11.11
Ma il cielo è sempre più blu
Rino Gaetano
18.11.11
Senza Fini
Ornella Vanoni
Gino Paoli
17.11.11
Difficulties
They get stuck and never find their way out; they fold their hands and give up the struggle.
Such resignation is the saddest of all things.
Therefore Confucius says of this:
O Flamboyant
16.11.11
Log Book:
Sergio Pinheiro Lopes
São Paulo.
São Paulo na Primavera.
São Paulo, como Gênova, é uma idéia como qualquer outra.
É um Flamboyant florido que plantei há muitos anos e que hoje me acorda com flores vermelhas, com uma copa que reflete a luz da manhã janela do meu quarto adentro.
O olhar com que olho é um outro olhar.
O olhar que faz o lugar ser novo.
Esta a viagem.
Parece que o mundo sussurra que devo ficar só e em paz.
Estava escrito nas paredes de Paris.
Jorrava das fontes centenárias da Itália.
Me falava com as pedras antigas do engenho humano,
tantas vidas antes desta minha.
Esta a viagem.
Buscar o modo de ficar em paz.
Quero dias comuns, quero a benção dos dias comuns,
não mais os turbilhões do passado.
Deixar o passado no passado e resolvido e quieto.
Esta a viagem.
'Aquela cara um pouco assim das pessoas, aquela expressão um pouco assim das pessoas quando olham Gênova, o mar escuro que se move até de noite e jamais para', canta o Paolo Conte.
E eu não quero mais lembrar dos meus temporais.
São Paulo é uma idéia como qualquer outra mesmo quando chove.
E eu me aceito como aceito a qualquer outro, mesmo quando chove.
Esta a viagem.