28.12.11
The City
Constantin Cavafy
Lawrence Durrell
You tell yourself: I'll be gone
To some other land, some other sea,
To a city lovelier far than this
Could ever have been or hoped to be -
Where every step now tightens the noose:
A heart in a body buried and out of use:
How long, how long must I be here
Confined among these dreary purlieus
Of the common mind? Wherever now I look
Black ruins of my life rise into view.
So many years have I been here
Spending and squandering, and nothing gained.
There's no new land, my friend, no
New sea; for the city will follow you,
In the same streets you'll wander endlessly,
The same mental suburbs slip from youth to age,
In the same house go white at last -
The city is a cage.
No other places, always this
Your earthly landfall, and no ship exists
To take you from yourself. Ah! don't you see
Just as you've ruined your life in this
One plot of ground you've ruined its worth
Everywhere now - over the whole earth?
27.12.11
Life may drive me up the wall
I trip and sometimes fall
And wonder, is it all worth living?
And I'll try to lend a helping hand
And I can understand life isn't always giving
I moan now, for it's been a lonely fight
I sing my songs now
To the dark and empty night
And nothing's wrong now
But then again, there's nothing right
There will be days I'll win and days I'll lose
And I've got an awful kind of blues
I must go and take a chance
To try to find an answer
The music for the dancers
In me
And I know that I must dance alone
Though I know I've grown aware
And I care
I'm sighing, I've got my chin cupped in my hand
I should be flying
But I've got nowhere to land
Now I'm crying
But then I know to understand
Everybody pays his share of tears
I belong somehow, but it's been a hard and lonely fight
And I've got an awful kind of blues
Thanks to Dave Van Ronk for the help.
26.12.11
Londonderry Air (Danny Boy)
James Galway
Moon Indigo
Nina Simone
23.12.11
Que Me Continua
Arnaldo Antunes
Edgar Scandurra
Se ando cheio, me dilua.
Se estou no meio, conclua.
Se perco o freio, me obstrua.
Se me arruinei, reconstrua.
Se sou um fruto, me roa.
Se viro um muro, me rua.
Se te machuco, me doa.
Se sou futuro, evolua.
Você que me continua.
Você que me continua.
Você que me continua.
Se eu não crescer, me destrua.
Se eu obcecar, me distraia.
Se me ganhar, distribua.
Se me perder, subtraia.
Se estou no céu, me abençoe.
Se eu sou seu, me possua.
Se dou um duro, me sue.
Se sou tão puro, polua.
Você que me continua.
Você que me continua.
Você que me continua.
Se sou voraz, me sacie.
Se for demais, atenue.
Se fico atrás, assobie.
Se estou em paz, tumultue.
Se eu agonio, me alivie.
Se me entedio, me dê rua.
Se te bloqueio, desvie.
Se dou recheio, usufrua.
Você que me continua.
Você que me continua.
Você que me continua.
22.12.11
Lá Vem Papai Noel
Sergio Pinheiro Lopes
A família reunida na linda casa dos jardins. O mais velho, diretor de multinacional, chegado havia pouco do Chile com a esposa e os filhos pequenos. A magérrima irmã, professora universitária, seu marido, intelectual e caladão, os dois filhos do segundo casamento do patriarca e, é claro, o próprio, todo pimpão com a terceira esposa, presidindo a reunião. A farta ceia disposta sobre a alva toalha de linho, os vinhos corretos, o champagne, enfim, tudo perfeito.
Meia-noite e nada do Papai Noel. As crianças com os olhos compridos postos na reluzente árvore de natal cercada de presentes. Meia-noite e quinze e nada. Meia-noite e meia. O filho multinacional argumenta que talvez devessem abrir os presentes sem esperar o bom velhinho, pois as crianças já estavam com sono. A magérrima irmã nega peremptória. Iam esperar o Papai Noel e acabou-se. Começou um bate-boca que foi aumentando de volume até que o calado intelectual meteu uma bifa nos bofes do multinacional e o pau degenerou. Num piscar de olhos estavam no chão aos sopapos, rolando para baixo da mesa e arrastando peru, óculos, champagne, presentes, nozes, o diabo. O pai vermelho de falta de ar, a mão no coração, tentando subir para o segundo andar, a filha aos berros dizendo que a culpa sempre tinha sido dele, as crianças gritando e chorando.
Tudo muito família.
Josias, meio sujo de graxa, com a barba branca grudando no pescoço suado, o saco vermelho cheio de jornais amassados para fazer volume, desceu da moto que finalmente lhe tinha dado uma carona, e tocou a campainha da casa.
Até hoje ele não entendeu direito o que aconteceu. A porta abriu e dois senhores desgrenhados, camisas pra fora das calças já saíram aos xingos em sua direção. Ele não teve dúvidas, disparou em desabalada carreira rua abaixo. Os passageiros dos poucos carros trafegando aquela hora devem ter entendido menos ainda: dois ofegantes e barrigudos senhores correndo atrás de um Papai Noel aos gritos.
É... Noite feliz.
20.12.11
Lugano Addio
Ivan Graziani
19.12.11
Don't Let Me Be Misunderstood
Nina Simone
Cat Stevens
17.12.11
Rubylove
Cat Stevens
Who'll be my love?
You'll be my love
You'll be my sky above
Who'll be my light?
You'll be my light
You'll be my day and night
You'll be mine tonight
Ruby glykeia
(Ruby my sweet)
Ela xana
(come again)
Ela xana konta mou
(come again close to me)
Ela proi
(come in the morning)
Me tin avgi
(by dawn)
Hrisi san iliahtida
(gold as a sunbeam)
Ruby mou mikri
(My small Ruby)
Ruby my love
You'll be my love
You'll be my sky above
Ruby my light
You'll be my light
You'll be my day and night
You'll be mine tonight
oooOOOooo
Quem será o meu amor?
Você será o meu amor
Será o céu que me cobre
Quem será a minha luz?
Você será a minha luz
Será meu dia e noite
Será minha esta noite
Ruby glykeia
(Ruby meu doce)
Ela xana
(Venha novamente)
Ela xana konta mou
(Venha novamente pra perto de mim)
Ela proi
(Venha pela manhã)
Me tin avgi
(Com a aurora)
Hrisi san iliahtida
(Dourada como um raio de sol)
Ruby mou mikri
(Meu pequeno Rubi)
Ruby, meu amor
Você será meu amor
Será o céu que me cobre
Ruby, minha luz
Você será minha luz
Será meu dia e noite
Será minha esta noite
16.12.11
Walking
Miles Davis
15.12.11
Seu olhar
melhora
o meu
Arnaldo Antunes
L'Immenso
Amedeo Mingui
14.12.11
O Meu tempo
Arnaldo Antunes
O meu tempo não é o seu tempo.
O meu tempo é só meu.
O seu tempo é seu e de qualquer pessoa,
até eu.
O seu tempo é o tempo que voa.
O meu tempo só vai onde eu vou.
O seu tempo está fora, regendo.
O meu dentro, sem lua e sem sol.
O seu tempo comanda os eventos.
O seu tempo é o tempo, o meu sou.
O seu tempo é só um para todos,
O meu tempo é mais um entre muitos.
O seu tempo se mede em minutos,
O meu muda e se perde entre os outros.
O meu tempo faz parte de mim,
não do que eu sigo.
O meu tempo acabará comigo
no meu fim.
11.12.11
Who Will Comfort Me
Melody Gardot
Your Heart Is As Black As Night
Melody Gardot
10.12.11
Take It Easy on Me
Beth Hart
9.12.11
Robert Green Ingersoll
at the grave of his brother
Ebon Clark Ingersoll
June 1879
Vieni Via Con Me
Paulo Conte
8.12.11
Esta merda tem que acabar!
Jacques Fresco
7.12.11
Petite Fleur
Sidney Bechet
6.12.11
O Tempo das Coisas
Sergio Pinheiro Lopes
Se o corpo não pára,
O olho não vê
E o coração não enxerga.
Se não há o tempo das coisas,
A alma não se move –
E a mão não escreve!
5.12.11
Transposição
Orides Fontela
Na manhã que desperta
o jardim não mais geometria
é gradação de luz e aguda
descontinuidade de planos.
Tudo se recria e o instante
varia de ângulo e de face
segundo a mesma vidaluz
que instaura jardins na amplitude
que desperta as flores em várias
coresinstantes e as revive
jogando-as lucidamente
em transposição contínua
2.12.11
Um Poema de Amor
Sergio Pinheiro Lopes
Um poema de amor
dedicado a você
teria que ter os cheiros
de linho e lavanda
teria que ter luz e macia paina
as artes do carpinteiro
e durar por dias inteiros
Teria que ter boas tiradas
e muitas risadas
Teria que ter o Massenet
violinos nas calçadas
um bom amanhecer e um belo porquê
Um poema de amor
dedicado a você, teria que ter
Um poema de amor
dedicado a você
teria que ter dois olhares:
um de sonho e coloridas histórias
outro da verdade e suas finas memórias
ambos fitando diretos
ambos mais além dos pensares
Teria que ter muitas luzes
e todos os seus amores
teria que ter suas crias, as angélicas,
as violetas e muitas outras flores
com todos os brilhos e todas as cores
um poema de amor
dedicado a você, teria que ter
Um poema de amor
dedicado a você
teria que ter vestidos de alça e muitos gatos,
casaquinhos floridos,
muita ordem em meio a desordem,
todos os seus muitos sapatos,
e um sorriso meio não-sei-o-quê
Teria que ter muitos potes de granola,
dancinhas e andares toda hora
teria que ter as certezas, as finezas,
as intuições e todas as levezas
do sol, da lua e das estrelas
um poema de amor
dedicado a você, teria que ter
Um poema de amor
dedicado a você,
enfim,
só seria um poema de amor
dedicado a você,
se tivesse a amplidão e o saber
de poder conter toda você.
1.12.11
A Estrêla Próxima
Orides Fontela
A poesia é
impossível
O amor é mais
que impossível
A vida, a morte loucamente
impossíveis.
Só a estrêla, só a
estrêla
existe
- só existe o impossível.